E finalmente... meu
Vira lata –Chartroux!
Já contei como adotei o Mingau e a Aveia, como resgatei a
Mel das garras da horrível loja de animais e como adotamos Fubá salvo do lixo.
Agora é a vez do meu lindo Chartroux (ok, vira-lata de pelo azul).
Sempre achei a coisa mais linda do mundo o Gato Azul. Seja
da raça Chartroux ou o Gato Russo. Mas aquele pelo parecido com veludo, cinza
azulado sempre me encantou. E Fabrício ainda me tentava cada vez que
perguntava: já passou a mão em algum gato desses? Precisa ver que coisa mais
gostosa é o pelo! E eu nunca, sequer tinha colocado a mão em um. O Zoe, sem vergonha, me tentava também,
passava pertinho de mim e quando eu o olhava, ZÁÁÁS! Lá ia ele como um foguete,
correndo de mim. E eu nunca consegui acaricia-lo!
A cada chegada de um gato depois do Mingau e Aveia, Fabrício
me alertava: olha lá, heim! É a vaga do seu gato Russo! E como pra mim adotar
não tem preferência de raça, cor, etc etc etc, sempre concordei em ceder a vaga
para os filhotes que precisavam de mim naquele momento. E lógico, não me
arrependo de nenhum! Só que, como dois ocuparam a tão única vaga exclusiva do
Gato Russo, sabia que, quando ele chegasse, Fabrício não ia se opor.
Até que ele veio... entrei no facebook e vi uma postagem:
Fabrício, encontramos um gato igual ao que você queria, o Russo, quer? Era a
Thais, que tinha recebido um comunicado da Viviane de que ela (Viviane) o tinha
achado. E a linda foto dele, deitadinho. Deitadinho? O gato era um boi! Enorme!
Adotar um adulto? Xiiii! Parece complicado! O Quê? Nem me importei com isso!
Afobadíssima chamei minha mãe pra ver: MÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃAEEEEEEEE,
APARECEUUMGATORUSSOEATHAISTÁAQUIOFERECENDOPROFABRÍCIOEOGATOÉGRANDEEÉLINDOENÃOSEISEOFABRÍCIOVAIQUERERMASEUQUEROELEÉLINDOVEMVEROGATOMAECORREVEMVER!
Minha mãe, assim como vocês ao lerem a frase acima
respondeu: O Quê? Fala devagar, menina! Que gato? Quem achou o que! E eu
respirei e a expliquei, já ligando pro Fabrício.
- Alô? Fabrício! Viu o post da Thais no seu face?
- Vi! Ia ligar pra você!
- Fabrício, é o Russo! Ele é lindo! Mas é achado? Não tem
dono? Ai, minha mãe falou pra gente pegar, porque quem tem quatro, tem cinco !
(Nota da autora no meio do texto: Quero deixar registrado
que minha mãe é uma grande incentivadora pra eu ter os 5 gatos. Sempre vinha
com aquela frase “ah, se eu morasse em casa teria um monte”. Culpa sua, Dona
Milca, culpa sua.)
- Mili, já liguei pra Viviane. Vamos buscá-lo às 18h. Ela
falou que temos que ir logo porque os vizinhos dela estão querendo mata-lo.
Parece que ele está saindo de casa, como se procurasse sua casa, aí eles não
estão gostando muito de ter um gato na rua.
MEEEEOOODEEEEEOOOOOOSSSSSSSSSSSSS!!! MEU
RUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUSSO!!!!!!!! Ou Chartroux, na hora não importou a
diferença. Aaaai eu teria meu cinziiinha, azulaaaaaado!!!!!
Quando chegou a hora, Fabrício veio me buscar, coloquei
minha mãe dentro do carro (incentivou, agora agüenta!) e fomos em busca do meu
cinzinha!
E agora? Como seria pega-lo? Avisaram-nos que ele era muito
manso, mas fiquei desconfiada, porque ele já era adulto! Será que ele se
adaptaria com os outros? Será que ele não iria fugir? E se ele nos avançasse? E
se...? E se...?
Chegamos a casa da Viviane e ela já estava no portão com
ele. Enorme! Quietinho. Ele estava limpinho, sem pulgas, graças a ela. Entrou
na caixa de transporte sem resistência alguma. E lá fomos para casa. Minha mãe
foi atrás conversando com ele. E ele quietinho! E eu pensando: quando esse gato
abrir a boca pra miar, vai sair um rugido. Até que ele respondeu minha mãe.
Não sei se vocês já viram aquele filme com a Sandra Bullock,
“Um Sonho Possível” e lembram do Big Mike, o “Gigante Bonzinho”? Então, é ele.
O miado dele saiu de uma forma tão suave, tão aconchegante, que não tinha como
ter medo dele, ou achar que ele seria violento com os outros. E não foi!
Quando chegamos em casa, a primeira coisa que fizemos foi
fechar as portas e janelas pra ele não fugir. Ele andou pelo espaço, cheirou,
subiu, desceu. Os outros ficaram olhando, desconfiados. O Fubá logo deu uma
cheiradinha nele, mas não deu muita confiança. Se juntou após outros.
Passaram as horas e eu lembrei que não tenho caixa de areia
dentro de casa. Tive que abrir a porta. Fiquei muito receosa dele fugir. E
ficamos vigiando. Ele saiu, foi até o muro, subiu, foi pra calçada, cheirou,
andou pela grama, pisou na rua e aí pensei: ele vai pegar uma carreira e vai
fugir. Ele vai querer procurar sua casa.
Para minha surpresa, depois de uns 15 minutos que ele estava
lá pela calçada, apareceu um cachorro que está acostumado a andar pelas bandas
de lá. Não faz mal a nenhum gato. O cachorro parou, olhou pra ele, ele olhou
pro cachorro e quando o cachorro ameaçou dar o primeiro passo, ele se assustou,
miou, se arrepiou e mais que depressa pulou de volta pra nossa casa. Coisa
linda! Já estava se sentindo em casa!
E assim foi. Aquela ali já era sua casa no momento que ele
saiu da caixa de transporte. Dormiu muito bem a primeira noite, comeu, bebeu
água, tudo na mais tranqüila paz. Não houve brigas entre os outros gatos com
ele. Não ficaram de chamego, mas não houve rejeição a ponto de brigarem.
No dia seguinte, hora de pensar no nome! Queria seguir a
linha café da manhã.
- Qual vai ser agora, Miliane?
-Bom, Fabrício, ele é cinza, escuro. Pensei em Nescau. O que
vocÊ acha?
- Nome de gato é com você!
- Ah já sei!!!!
Açaí!! Isso! Açaí! Ele tem cara de Açaí!
E ficou Açaí! No princípio sempre entranho chamá-los por
nome de comidas. Mas depois é engraçado. COlocá-los pra dentro a noite é
comédia: MIMGAAAU, MEEEEL, FUBÁÁÁÁ, AVEEEEEEEEEIA, AÇAÍÍÍÍÍÍÍ!!! Eeeita, ta
pronto o café matinal!!!!
A única coisa que eu estranhei muito e demorei a acostumar
foi com o olhar dele. Como ele é paradão, muito calmo, tem um olhar muito
marcante. Vez ou outra eu olhava pra ele e lá estava ele, me encarando com aquele
olhar sinistro. Fabrício até brincava, falando que depois que a gente ia
dormir, ele virava um humano. Mas com o tempo fomos nos acostumando com o
jeitão dele, paradão, sempre encarando a gente e os outros gatos. Aveia ficava
doida com ele! Quando ele a fitava ela se desesperava, pulava de onde estava,
corria, miava. E ele nem saía do lugar. Hoje todos já o toleram. Sem muitas
confianças, mas o toleram. O Mingau até hoje não vai com ele. É só ele passar
perto do Mingau, olhar pra ele, o Mingau já arruma um escândalo, parece que o
Açaí o está matando! O Fubá já está brincando com ele. Eles correm, pulam, se
esbarram, derrubam o sofá, e vez ou outra sai uma briguinha depois. Mas a cada
dia se torna mais raro.
Ele trouxe um péssimo hábito da rua que é comer carne. Não
posso dar mole com carne em cima da mesa ou pia que quando me dou conta ele já
está com metade na boca. É um costume que estou lutando e pelejando pra tirar.
Uma vez teve um churrasco na casa da frente. Eu e Fabrício estávamos cuidando
do jardim, arrumando o quintal e víamos Açaí pulando o muro, indo e vindo.
Depois descobrimos que o danado ia lá, se enroscava na perna de um, de outro e
ganhava um pratinho de carne. Enchia a barriga voltava e dormia. Minutos depois acordava, pulava o muro, se enroscava
na perna de um, de outro e ganhava outro pratinho de carne. E assim foi a tarde
toda! Que vergonha!
A Thaís veterinária disse que ele tem cerca de um ano.
Achei, pelos 5kg daquela criatura, que ele tinha uns 2. Como ele veio já
grandão, perdi a noção de idade. Disse
também que ele é uma criaturinha muito linda e calma!!! Dei sorte!
Esses dias ela me contou que lá na clínica eles estavam
conversando sobre terem um gato. E aí foram falando os gatos modelos que eles
queriam ter igual e adivinhem só, o Açaí
foi citado! Meu cunhado me falou uma vez: olha, Miliane, não gosto de gato não,
mas esse aqui é bonito, heim! Nossa, como ele é bonitão!
A minha espera valeu a pena! Pela beleza, comportamento,
carinho e companheirismo desse meu cinza -pelo-veludo! Mais uma figurinha, para compor o conjunto! Mais um que me conquistou e que já faz parte da minha vida!
Meu gigante bonzinho!!!!