“... começou a andar pelas ruas e, enquanto passeava, tocava com sua flauta uma melodia maravilhosa, que encantava aos ratos, que iam saindo de seus esconderijos e o seguiam...”
O Flautista de Hamelin – Irmãos Grumm
Acho que todo mundo já ouviu essa história, ou pelo menos o nome Flautista de Hamelin. A história fala de uma cidade que estava infestada de ratos, então a população decidiu chamar um encantador pra livrá-los da peste. No meu caso é diferente. Não sou uma flautista, ainda estou estudando e muito menos encantadora de alguma coisa! Mas tenho os gatos mais figuras do mundo! E isso com certeza dá um conto e tanto.
A princípio, desde quando os primeiros gatos foram lá pra casa, sempre tive receio de tocar a minha flauta transversa. Sempre ouvi dizer que gatos têm ouvidos sensíveis e o mínimo barulho os incomoda muito. Então, eu a pegava, tocava algumas notas, mas logo a guardava. Não queria incomodá-los. Não que eu tenho essa frescura toda de deixar de fazer as coisas por conta deles. Mas é que gato demora pra estressar, mas quando estressa... preferia evitar a fadiga!
A minha surpresa foi quando resolvi pegar mesmo a flauta e tocar. A Aveia estava dormindo no meu quarto junto com o Mingau e o Fubá e a Mel estavam no jardim, na parte de trás da casa. Eu estava tocando na sala, acompanhando um cd, não fazia nem um minuto que eu estava tocando, quando olhei para os meus pés e estavam todos os quatros, deitados, me olhado. Coincidência. Eles vieram um pouco antes de eu começar a tocar, assim pensei.
Num outro dia, todos fora da sala, eu estava encostada na parte de trás do sofá com minha flauta. Dei a primeira nota, a segunda, quando fui dar a terceira, virei e esbarrei no Fubá, em cima do encosto do sofá, tão próximo a flauta.
E por ultimo, em um sábado de manhã, solzinho gostoso lá fora, todos os gatos estendidos no jardim, pegando uma fresca, um solzinho. Sentei na cadeira e comecei a tocar minha flauta. Fabrício me chama, e aponta pra baixo. Novamente todos os gatos deitados aos meus pés, me olhando! Dessa vez continuei pra ver até onde eles iriam. Continuaram ali mesmo. Eu parava, eles me olhavam e levantavam. Eu voltava a tocar, eles vinham e deitavam. Eu andava pela casa tocando, eles me acompanhavam. O tempo todo em que toquei, eles permaneceram ao meu lado.
“Opa! Fabrício! Sou a flautista do Horto! Eu toco, eles me acompanham! Ai que liiiiiindos!!!”
E aí, todos eles saíram correndo porque, a essa altura, eu já tinha largado a flauta e apertado aqueles que não escaparam a tempo.
Mas resolvi não estender essa experiência. Não pelos meus filhotes. Não! Adorei vê-los todos a minha volta, ouvindo o doce som da flauta. Parei porque, vai que a moda pega e começam a aparecer gatos de toda vizinhança? Não teria coragem de lançá-los ao precipício, como fez o Flautista de Hamelin. Aí seria um “Deus nos acuda” só! Eu teria que pegar outro instrumento, tocar um som bem pavoroso pra ver se afugentaria todos os gatos! Inclusive os meus!